quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

QUEM FOI MILTON SANTOS............

Nascido em Brotas de Macaúbas, na baiana Chapada Diamantina, se mantido o costume da Idade Média, teria um nome a justificar seu grande pendor para a Ciência Geográfica e também para a História, Economia e Filosofia. Não tendo sido batizado como Milton de Brotas de Macaúbas, pois migrou ainda criança para outras cidades como Ubaituba, Alcobaça e, posteriormente, Salvador. Em Alcobaça, com seus pais e com seus avós maternos (todos professores primários), aprendeu as primeiras letras e o gosto pela álgebra e pelo francês. Sendo “forte em matemática”, já aos 13 anos, dava aulas no ginásio em que estudava, o Instituto Baiano de Ensino. Aos 15 anos, passou a lecionar Geografia e, aos 18, prestou vestibular para Direito em Salvador. Enquanto estudante secundário e universitário marcou presença com militância política de esquerda. Formado em Direito, não deixou de se interessar pela Geografia, tanto que fez concurso para professor catedrático no Colégio Municipal de Ilhéus. Nesta cidade, além do magistério desenvolveu atividade jornalística, estreitando sua amizade com políticos de esquerda. Nesta época, escreveu o livro Zona do Cacau, posteriormente incluído na Coleção Brasiliana, já com influência da Escola Regional francesa. Em 1958, concluiu seu doutorado na Universidade de Strasbourg. Ao regressar ao Brasil, criou e animou o Laboratório de Geomorfologia e Estudos Regionais, mantendo intercâmbio com os mestres franceses. Após seu doutorado, teve presença marcante na vida acadêmica, em atividades jornalísticas e políticas de Salvador. Em 1960, o presidente Jânio Quadros o nomeia para a subchefia do Gabinete Civil, tendo viajado a Cuba com a comitiva presidencial (isto lhe valeu registro nos órgãos de segurança, com desdobramentos após o golpe militar de 1964).[carece de fontes?]
A trajetória pós-1964 é mais difícil de resumir. Em função de suas atividades políticas de esquerda, foi perseguido por seus adversários e pelos órgãos de repressão do regime militar. Logicamente, seus aliados e importantes políticos intervieram junto às autoridades militares para negociar sua saída do País, após aprisionamento por meio ano seguido de prisão domiciliar. Pensou o Professor Milton que sairia do País por 6 meses. Acabou ficando 13 anos!! Estes anos todos não foram de “exílio dourado” em Paris; ao contrário, foram anos de périplo por diversos países. Sua dolorosa caminhada começa por Toulouse, passa por Bordeaux, por Paris, onde leciona na Sorbonne, sendo diretor de pesquisas de planejamento urbano e regional no prestigiado Iedes. Permanece em Paris de 1968 a 1971, quando segue para o Canadá. Trabalha na Universidade de Toronto. Vai para os Estados Unidos (EUA), com convite para ser pesquisador no Massachusetts Institute of Technology (MIT), onde trabalha com Noam Chomsky. No MIT trabalha em sua grande obra O Espaço Dividido. Dos EUA viaja para trabalhar na Venezuela, como diretor de pesquisa sobre planejamento da urbanização da Venezuela para um programa da ONU. Neste país manteve contato com técnicos da Organização dos Estados Americanos. Estes contatos facilitaram sua contratação pela Faculdade de Engenharia de Lima, onde, também foi contratado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) para elaborar um trabalho sobre pobreza urbana na América Latina. Posteriormente, houve convite para lecionar no University College de Londres, mas ficou apenas na tentativa, já que impuseram dificuldades raciais no setor habitacional. Regressa a Paris, mas é chamado de volta à Venezuela, onde leciona na Faculdade de Economia da Universidade Central daquele país. Segue, posteriormente para Tanzânia, onde organiza a pós-graduação em Geografia da Universidade de Dar-es-Salaam. Aí permanece por dois anos, quando recebe o primeiro convite de universidade brasileira, a Universidade de Campinas. Antes disso, regressa à Venezuela, passando antes pela Columbia University de Nova Iorque.[carece de fontes?]
Em fins de 1976, houve contatos para contratação em universidade brasileira, mas não havia segurança na área política e o contato fracassou. Em 1977, tenta inscrever-se na Universidade da Bahia, mas, por artimanhas político-administrativas, sua inscrição foi cancelada. Ao regressar da Universidade de Colúmbia iria para a Nigéria, mas recusa o convite para aceitar um posto como Consultor de Planejamento do estado de São Paulo e na Emplasa. Esse peregrinar lhe custou muito, mas sua volta representou um enorme esforço de muitos geógrafos, destacando-se Armen Mamigonian e Maria Adélia de Souza. Quanto ao seu regresso, Milton Santos tinha um grande papel nas mudanças estruturais do ensino e da pesquisa da Geografia no Brasil.[carece de fontes?]
Apesar de ter se graduado em Direito, desenvolveu trabalhos em diversas áreas da Geografia, em especial nos estudos de urbanização do Terceiro Mundo. Foi um dos grandes nomes da renovação na geografia brasileira ocorrida nos anos 70.
Durante toda a vida buscou métodos e visões diferentes para encarar seus temas de estudo. Lecionou em diversas universidades mundo afora, no seu o exílio durante a ditadura militar no Brasil: Paris (França), Columbia (EUA), Toronto (Canadá) e Dar es Salaam (Tanzânia). Também lecionou na Venezuela e Reino Unido. Regressou ao Brasil em 1977, tendo trabalhado na Universidade Federal Fluminense e ingressando na Universidade de São Paulo em 1984.[carece de fontes?] Cursou geografia na Universidade Católica de Salvador.[carece de fontes?]

[editar] A trajetória e o reconhecimento
Embora pouco conhecido fora do meio acadêmico, Santos alcançou reconhecimento fora do país, tendo recebido, em 1994, o Prêmio Vautrin Lud, (este prêmio é conferido por universidades de 50 países).[carece de fontes?]
Milton Santos foi dos poucos cientistas brasileiros que, expulsos durante a ditadura militar (naquilo que foi conhecido por êxodo de cérebros), voltaram depois ao país. Foi disputado por diversas universidades, que o queriam em seus quadros.[carece de fontes?]
Sua obra O espaço dividido, de 1979, é hoje considerado um clássico mundial, onde desenvolve uma teoria sobre o desenvolvimento urbano nos países subdesenvolvidos.[carece de fontes?]
Suas idéias de globalização, esboçadas antes que este conceito ganhasse o mundo, advertia para a possibilidade de gerar o fim da cultura, da produção original do conhecimento - conceitos depois desenvolvidos por outros.[carece de fontes?]

[editar] Anos de exílio
Os anos de exílio, seus contatos com inumeráveis profissionais em diversos países, e, sobretudo sua capacidade de elaborar teorias, a partir de variadíssima leitura, por diversos campos do saber, impulsionaram seu esforço de escrever, de compor sua obra considerada como monumental.[carece de fontes?]
A ditadura lhe impôs dor, amargura e sofrimento, em função de suas idéias. Mas, seu exílio e sua caminhada no exterior mostram e dão destaque aos resultados positivos para a Geografia, embora se registre penoso regresso ao Brasil. Sua volta ao Brasil ficou demarcado no Congresso Nacional da Associação Brasileira de Geógrafos (AGB) em Fortaleza, em 1978. Testemunhamos todo seu vigor no embate com os paladinos da geografia quantitativa. Realizou forte defesa de uma Geografia mais crítica, com abordagens da teoria marxista. Deste evento, no Ceará, se disseminaram as sementes da vigorosa mudança semeadas, inclusive, na Geografia da UnB que se adequou às novas abordagens teórico-metodológicas, mais críticas.[carece de fontes?]
Desejando avançar nas mudanças, se tentou a contratação de Milton Santos pela UnB, mas apesar de ter recebido pareceres favoráveis do Departamento de Geografia, do colegiado do Instituto de Ciências Humanas, os órgãos de vigilância política da administração central impediram o intento.[carece de fontes?]
Quanto ao regresso do Milton ao Brasil, devem-se ressaltar outros esforços, como o de Maria do Carmo Galvão e Bertha Becker, que o convidaram para trabalhar na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde permaneceu até 1983. Após sua permanência no Rio, foi contratado como Professor Titular pelo Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP), onde permaneceu, mesmo após sua recente aposentadoria. Nesta Universidade desempenhou um papel importante na formação de mestres e doutores, não apenas de São Paulo, mas de todo o país e mesmo do exterior, pois, muitos geógrafos passaram a procurá-lo para obter orientação. É em São Paulo que se empenha em desenvolver suas teorias e, com elas, ampliar seu elenco de obras editadas e de artigos e conferências pronunciadas em todos os eventos importantes realizados no Brasil e no exterior.[carece de fontes?]
Por seus méritos, universidades e instituições ligadas à Geografia passam a outorgar-lhe títulos acadêmicos e honrarias. Os mais importantes são:
Prêmio Internacional de Geografia Vautrin Lud, Paris, 1994 – mais conhecido como o "Prêmio Nobel da Geografia".[carece de fontes?]

[editar] Espaço: abordagem inovadora
A obra de Milton Santos é inovadora ao abordar o conceito de espaço. De território onde todos se encontram, o espaço, com as novas tecnologias, adquiriu novas características para se tornar um conjunto indissociável de sistemas de objetos e sistemas de ações.[carece de fontes?]
As velhas noções de centro e periferia já não se aplicam, pois o centro poderá estar situado a milhares de quilômetros de distância e a periferia poderá abranger o planeta inteiro.[carece de fontes?]
Daí a correlação entre espaço e globalização, que sempre foi perseguida pelos detentores do poder político e econômico, mas só se tornou possível com o progresso tecnológico.[carece de fontes?]
Para contrapor-se à realidade de um mundo movido por forças poderosas e cegas, impõe-se, para Santos, a força do lugar, que, por sua dimensão humana, anularia os efeitos perversos da globalização.[carece de fontes?]
Estas idéias são expostas principalmente em sua obra A Natureza do Espaço (Edusp,2002).[carece de fontes?]

[editar] Atividades, prêmios e distinções
Mérito Tecnológico, Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo, 1997;
Personalidade do Ano, Instituto dos Arquitetos do Brasil, 1997;
Jabuti, 1997 - Prêmio pelo melhor livro das Ciências Humanas A Natureza do Espaço - Técnica e Tempo, Razão e Emoção, São Paulo, Hucitec, 1996.
Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico, 1995.
Emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, em 1997.
Homem de Idéias 1998, homenagem do Jornal do Brasil a Milton Santos, em 1998.
Contemplado em concurso nacional da Revista Isto É como um dos 20 "Cientistas do Século", conforme encarte Especial nº 7, de 04 de agosto de 1999.[carece de fontes?]
Milton Santos tem o Doutor Honoris Causa pelas seguintes instituições:
Universidade de Toulouse, França, 1980;
Universidade Federal da Bahia, 1986;
Universidade de Buenos Aires, 1992;
Universidade Complutense de Madri, 1994;
Universidade do Sudoeste da Bahia, 1995;
Universidade Federal de Sergipe, 1995;
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1996;
Universidade Estadual do Ceará, 1996;
Universidade de Passo Fundo/RS, 1996;
Universidade de Barcelona, 1996;
Universidade Federal de Santa Catarina, 1996;
Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho", 1997;
Universidade Nacional de Cuyo, Argentina, 1997.[carece de fontes?]
Além da vida acadêmica, Milton Santos desempenhou outras atividades, entre as quais:
Presidente ou membro de distinguidas entidades profissionais, como:
-Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB), -Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional (Anpur); -Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia (Anpege).[carece de fontes?]
Consultor de organismos como:
-Organização Internacional do Trabalho (OIT), -Organização dos Estados Americanos(OEA), -Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), -Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), -Secretaria da Educação Superior (SESu/MEC), -Fundação de Ampara à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp/SP), entre outras.[carece de fontes?]

[editar] Publicações
As publicações até 1998, seu currículo apresentava:
44 livros publicados; presentemente trabalha em novo livro com sua visão sobre o Brasil;
231 artigos publicados (em português, francês, inglês, espanhol e japonês);
46 publicações em obras coletivas;
11 prefácios/apresentações em livros;
14 editorias ou co-editorias/organização de obras científicas, além de artigos em jornais de circulação nacional.[carece de fontes?]
Entre outras publicações:
Revista Geosul, Florianópolis, nº 7, Ano IV, de 1989, “Entrevista com o Milton Santos”, realizada pelos docentes do Departamento de Geografia da UFSC;
O Mundo do Cidadão – Um Cidadão do Mundo, Org.Maria Adélia A. de Souza, 1996;
“Entrevista Explosiva: Mestre Milton” - Revista Caros Amigos, agosto de 1998;
“Homem de Idéias - 1998: Milton Santos - Geografia e Cidadania”, Caderno Idéias e Livros do Jornal do Brasil, edição de 26 de dezembro de 1998;
“Entrevista - Milton Santos”, por José Corrêa Leite, em Teoria e Debate, Revista da Fundação Perseu Abramo, Ano 12, nº 40, fev/mar/abr 1999;
“Milton Santos”, Caderno Especial nº 7, O Cientista do século, da Revista Isto é, edição de 4 de agosto de 1999).
[1]

[editar] Livros
SANTOS, Milton. A cidade nos países subdesenvolvidos. Rio de Janeiro: Ed. Civilização Brasileira S.A., 1965.
SANTOS, Milton. Geografía y economía urbanas en los países subdesarrollados. Barcelona: Oikos-Tau S.A. Ediciones, 1973.
SANTOS, Milton. Sociedade e espaco: a formacão social como teoria e como método. Boletim Paulista de Geografia, São Paulo: AGB, 1977, p. 81- 99.
SANTOS, Milton. Por uma Geografia nova. São Paulo: Hucitec-Edusp, 1978.
SANTOS, Milton. O trabalho do geógrafo no Terceiro Mundo. SP: Hucitec, 1978.
SANTOS, Milton. Pobreza urbana. São Paulo/Recife: Hucitec/UFPE/CNPV, 1978.
SANTOS, Milton. Economia espacial: críticas e alternativas. SP: Hucitec, 1979.
SANTOS, Milton. Espaço e sociedade. Petrópolis: Vozes, 1979.
SANTOS, Milton. O espaço dividido. Os dois circuitos da economia urbana dos países subdesenvolvidos. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1979 (Coleção Ciências Sociais).
SANTOS, Milton. A urbanização desigual. Petrópolis: Vozes, 1980.
SANTOS, Milton. Manual de Geografia urbana. São Paulo: Hucitec, 1981.
SANTOS, Milton. Pensando o espaço do homem. São Paulo: Hucitec, 1982.
SANTOS, Milton. Ensaios sobre a urbanização latino-americana. SP: Hucitec, 1982.
SANTOS, Milton. Espaço e Método. São Paulo: Nobel, 1985.
SANTOS, Milton. O meio técnico-científico e a redefinição da urbanização brasileira. Projeto de pesquisa apresentado ao CNPq, 1986 (datilografado).
SANTOS, Milton. Aspectos geográficos do Período Técnico-Científico no estado de São Paulo. Projeto de pesquisa apresentado à Fapesp, maio 1986 (datilografado).
SANTOS, Milton. A região concentrada e os circuitos produtivos. Texto apresentado como parte do relatório de pesquisa do projeto O Centro Nacional: Crise Mundial e Redefinição da Região Polarizada, 1986 (datilografado).
SANTOS, Milton. O espaço do cidadão. São Paulo: Nobel, 1987.
SANTOS, Milton. Metamorfoses do espaço habitado. Paulo: Hucitec, 1988.
SANTOS, Milton. O Período Técnico-Científico e os estudos geográficos: problemas da urbanização brasileira. Projeto de pesquisa apresentado ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), mar. 1989 (datilografado).
SANTOS, Milton. Metrópole corporativa fragmentada: o caso de São Paulo. São Paulo: Nobel/Secretaria de Estado da Cultura, 1990.
SANTOS, Milton. A urbanização brasileira. São Paulo: Hucitec, 1993.
SANTOS, Milton. Por uma economia política da cidade. SP: Hucitec /Educ, 1994.
SANTOS, Milton. Técnica, espaço, tempo. São Paulo: Editora Hucitec, 1994.
SANTOS, Milton; SOUZA, Maria Adélia A.(org.). A construção do espaço. São Paulo: Nobel, 1986.
SANTOS, Milton. Por uma outra globalização - do pensamento único a consciência universal. São Paulo: Editora Record, 2000.

[editar] Sobre Milton Santos
ELIAS, D. "Milton Santos: a construção da geografia cidadã". In: El ciudadano, la globalización y la geografía. Homenaje a Milton Santos. Scripta Nova. Revista electrónica de geografía y ciencias sociales, Universidad de Barcelona, vol. VI, núm. 124, 30 de septiembre de 2002.http://www.ub.es/geocrit/sn/sn-124.htm [ISSN: 1138-9788]

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